domingo, 20 de março de 2011

Baianos



BAIANOS

Os Baianos são a alegria da Umbanda, não há quem não goste desta gira e desta linha pois são as entidades que mais se assemlham conosco encarnados, pois são espíritos que sofreram as amargurás da fome, e do calor do sertão.

Nesta linha baixam espíritos que na maioria tiverão suas espiações no nordeste de nosso país, mas porque uma linha só para espíritos que encarnaram no nordeste?
Não é este o trabalho desta linha, a linha dos baianos é uma linha que serve como auxiliares dos Exus e Pomba-Giras, por tato não precisa necessariamente de ser nordestino para ser desta linha, mas a maioria é.
Os espíritos desta linha são brincalhões, divertidos, mas perigosos pois como eles mesmos dizem, o veneno do baiano não mata, mas pode deixar sofrendo, pois são os cumpridores da lei de Exu.
Um dos espíritos em conhecidos desta linha é Lampião que hoje tem sua própria falanje dentro desta linha.

Nomes conhecidos desta linha: Lampião, Zé Corisco, Zé Faísca, Zé Bento, Zé da Ronda, Zé Ferino, Severino, Zé Baiano, Zé do Coco, Zé Coquinho, Maria Bonita, Maria da Conceição, Maria das Graças, Severina do Coco entre outros.


A linha dos baianos abranje também a chamada linha do "povo da rua" são espíritos que tem omesmo trabalho dos baianos, muitos terreiros colocam essas entidades na mesma gira, outros preferem diferencia-las, não há nenhuma diferença latente a não ser que esses espíritos na maioria tiveram sua última encarnação como boêmios nos estados aqui do sudeste e são apadrinhados pelo seu Zé Pelintra.
Nomes conhecidos nesta linha: Zé Pelintra, Zé Navalha, Zé pinguinha, Maria Navalha, Maria da Rosa.

Caboclos


Caboclos
São considerados depois dos pretos velhos os grandes mentores espirituais da Umbanda. Foram eles que junto com os Catimbozeiros, decodificaram e organizaram a Umbanda e suas linhas. São comumente chefes de casas de santo, e não comum vem como entidades chefes das cabeças dos Zeladores ou Zeladoras.
         No ano de 1908 através do Médium Zélio Bernardino de Moraes, o Caboclo das 7 encruzilhadas anunciou a nova religião (genuinamente brasileira), fugindo quase que natotalidade dos costumes das nações do Candomblé. Hoje dentro de Umbanda o termo "Caboclo" designa tal importância ao ponto de ser sinônimo de entidades que nela trabalham.
        "Dentro de Umbanda não se faz Orixás e sim caboclos!!!" Essa expressão é  por muitos desconhecida e confusa. Primeiramente o termo "caboclo" antes de designar índio, ou mesmo caboclos, tem dentro de Umbanda o significado de espírito que trabalha  e que dentro da religião vem sob as ordens de algum orixá.
           Hoje o termo "caboclo" para muitos significa capangueiro, ordenança ou escravo do Orixá Oxóssi. Tal afirmação não é errada, mais para os estudiosos do santo  incompleta.
            No começo de tudo, onde os Exus, Pretos Velhos, Catimbozeiros e Caboclos  (índios) organizaram e decodificaram a religião Umbandista, a presença dos Caboclos era muito mais marcante do que a presença dos Velhos ou dos Catimbozeiros. No começo os cultos eram liderados por grandes mestres espirituais que usavam a pajelança e o catim bó, espécie de culto muito difundido até hoje no Nordeste que trabalha com as almas dos mortos e com uma simbologia toda própria extraída da fumaça dos cachimbos.
            Tal culto se baseava e tinha como centro energético um tronco de uma árvorechamado "Jurema". Aí começa a confusão e ao mesmo tempo toda a base para o entendimento. Vale lembrar que "jurema" é uma árvore que ainda hoje existe nas terras do Norte.
            O termo catimbó muitas das vezes era substituído pelo termo "Jurema", em vez  de se dizer "Vamos cultuar o catimbó" era dito "vamos cultuar a Jurema". Com a propa gação da Cabocla Jurema (grande espírito dentro de Umbanda), começou-se a ligar as entidades Caboclas aos Eguns (espíritos já mortos e que hoje trabalham na Umbanda).
            O termo caboclo então difundiu-se como espírito que hoje trabalha em Umbanda.
             Vale lembrar, que a maioria das entidades que trabalham em Umbanda foram realmente caboclos e caboclas (Caboclos de Oxóssi, Caboclos de Xangô, Caboclos de Ogum,Caboclas de Oxum, Caboclas de Iansã etc...). Daí a explicação para o termo "Umbanda  não faz Orixá, Umbanda faz Caboclo".
              O Xangô que hoje incorpora em Umbanda, nada  mais é do que o espírito de um índio, que viveu dentro de pedreiras e que tinha uma grande ligação ao Deus das Montanhas, Xangô.
               Hoje não existe Umbanda sem a força e a sapiência dos grandes Caboclos de Umbanda. Seus gritos de guerra, suas vestimentas, sua língua ainda viva e seus charutos fazem da Umbanda realmente uma das mais lindas religiões espiritualistas que existem.
              Dentre os Caboclos mais conhecidos podemos citar o Caboclo Arruda (faço aqui a minha homenagem ao meu pai Caboclo Arruda, do qual hoje tenho orgulho de ter sidoconfirmado e feito por ele, sendo hoje seu ogã), Caboclos Tupi, Caboclo Mata Virgem,Caboclo Folha Seca, Caboclo Tabajara, Caboclo Ubirajara, Caboclo Arranca Toco, Caboclo Pena Branca entre outros.
              As caboclas mais conhecidas são a Cabocla Jurema, Cabocla Jupira e Cabocla Jandira (irmãs e filhas do Caboclo Tupinambá), Cabocla  Jacira, Cabocla Tanara, Cabocla Jandaia entre outras.

Ciganos


Os Ciganos em Umbanda
     São entidades que há pouco tempo ganharam força dentro do ritual de umbanda. Erroneamente no começo eram confundidos com entidades espirituais que vinham na linha dos Exus, tal confusão se dava pela apresentação de algumas ciganas se apresentarem como Cigana das Almas ou como Cigana do Cruzeiro ou coisa desse tipo.
      Hoje o culto está mais difundido e se sabe e se conhece mais coisas sobre o povo cigano.
      Não tem na Umbanda o seu alicerce espiritual; se apresentam também em rituais Kardecistas e em outros rituais do tipo mesa branca. Estão em Umbanda por uma necessidade lógica de trabalho e caridade. Encontraram em Umbanda o toque dos atabaques e passaram a se identificar com os toques e com os pontos a eles cantados.
       Tal aproximação se deve ao fato da necessidade da adaptação ao culto que hoje mais se identificam e se apresentam. Povo muito rico de estórias e lendas, foram na maioria andarilhos que viveram nos séculos XIV, XV e XVI. Alguns presenciaram fatos históricos do tipo queda da bastilha na França antiga e destrono de reis famosos como Luís XV.
        Vivem em grupos, e não tem destino nem caminho certo. São amantes das aventuras que tais situações podem trazer; erroneamente são confundidos com vagabundos e pessoas pouco dedicadas ao trabalho. Tem na sua origem o trabalho com a natureza, a subsistência através do que plantavam e o desapego as coisas materiais.
         Dentro de Umbanda seus fundamentos são simples, não possuindo assentamentos ou ferramentas para centralização da força espiritual. São cultuados em geral com imagens bem simples, com taças de vinho, doces finos e cigarrilhas doces. Trabalham também com as energias do Oriente, com cristais, pedras energéticas e com os quatro sagrados elementos da natureza.
          Tem em Santa Sarah de Kali as orientações necessárias para o bom andamento das missões espirituais. Não devemos confundir tal fato com Sincretismos, pois Santa Sarah é tida como orientadora espiritual e não como patrona ou imagem de algum sincretismo.
          São comemorados no dia 24 de maio, dia de Santa Sarah.
          Tem o Cigano Wladimir como um dos grandes chefes de tribo deste povo.
           Sua saudação em Umbanda é ARRIBABÔ, ARRIBA!!!                 

Preto Velhos


                          Os grandes Pretos e Pretas Velhas!
           São considerados dentro da Umbanda e até mesmo dentro de certas casas de Candomblé, como as grandes almas conhecedoras da espiritualidade e da religião em si. Contam as lendas que quando os holandeses e portugueses decidiram trazer a mão de obra escrava para trabalhar nas terras brasileiras (pois a quatequese e o trabalho indígena não tinham dado certo) os negros e negras que vieram das terras africanas, trouxeram com eles uma cultura muito forte e uma reli gião que aqui se firmou e acabou criando as bases para a única religião 100% brasileira, a Umban da.
            Com a vinda dos negros para o Brasil, trouxeram culturas de várias nações ainda hoje existentes (gegê, marrim, angola, nagô, jejá e ketu) outras se perderam com o tempo e com a falta de pós e ervas para o seu culto. O desembarque dos negros aqui no Brasil se deu em várias  regiões,  principalmente na Bahia, mas houveram desembarques também em terras Paranaenses, Mineiras, Porto Alegrenses, São Paulinas e Fluminenses.
             Mas por razão desconhecida se firmou com muita força nas terras do Norte, onde a pre sença até hoje é muito forte. Esses desembarques em locais e terras diferentes explica uma das  contradições mais discutidas dentro das Nações do Candomblé e da própria Umbanda.
             Com o desembarque nas terras brasileiras, a catequese por parte dos portugueses e ho landeses foi marcante, obrigando os africanos a se dedicarem única e exclusivamente a religião  predominante na época, o Catolicismo. Os africanos eram obrigados a jurar lealdade e amor a religião que fora imposta a eles. Mas por mistérios até hoje desconhecidos, tiveram a idéia de ligar os orixás que cultuavam aos santos da igreja católica, fazendo assim um altar com santos e santas para agradar aos senhores de engenho, mais por baixo das imagens (a maioria de barro) existiam  os axés e assentamentos dos orixás que por eles eram cultuados. A partir desse momento  nasce o Sincretismo. Para os africanos Ogum era o deus da guerra na África, fazendo a ligação a São Jorge e assim sucessivamente. Mas enquanto os africanos atribuiam Ogum a São Jorge nas terras do Sul, no Norte a atribuição era dada a São Sebastião e a Santo Antônio (dois santos também muito guerreiros e que viveram na mesma época de São Jorge).
            Dai aconteceram as mudanças de sincretismo, existentes até hoje.
            No ano de 1908 (data de fundação da Umbanda) os espíritos que trabalhavam em uma  linha chamada linha branca (exus, caboclos, pretos velhos e catimbozeiros) decidiram fundar uma  religião que fugisse aos costumes Candomblecistas, que não promovesse holocaustos e que teria a função básica de cultuar somente os orixás cujo sincretismo já existia, e que prestasse acima de tudo a caridade. Funda-se a Umbanda tendo como grande mentor o Caboclo das 7 encruzilhadas . 
             Hoje dentro da Umbanda, demonstram a grande Lei do Criador levando em frente a pas sagem "Ama ao próximo como a ti mesmo". Hoje depois de anos de sofrimento e castigos, vem dentro de Umbanda e prestam a caridade absoluta, esquecendo por completo a encarnação de dor e de miséria pela qual passaram. São espíritos puros e ocupam a mais alta patente dentro de Umbanda, são grandes guias e mentores espiriuais. Comandam casas de santo com sapiência e astúcia pouco vista. Não tem correntes, e hoje são espíritos que dominam todas as linhas e co nhecem como ninguém os feitiços e macumbas do santo. Rodam o mundo e tem a permissão de Deus para entrar e sair de qualquer mundo ou lugar. Fumam cachimbos e fumos de palha e bebem seu vinho tinto, café sem açucar e água da chuva.
              Dentro de Umbanda podemos citar: Pai Joaquim, Pai José, Pai jacó, Pai Manoel,  Velho Chico, Pai Guiné, Rei Congo, Pai Congo entre outros. As pretas velhas mais conheci das são: Vovó Maria Conga, Vovó Rosa, Vovó Maria Rita, Vovó Cambida, Vovó Catarina, Vovó Benedita entre outras.
      Louvado sejam as almas benditas do cativeiro!!!
              

Erês


IBÊJI – O Orixá Criança (Cosme e Damião)

   
Ibêji, o único orixá permanentemente duplo, é o Orixá mais evoluído dentro do panteão Africano, é a sétima cor do arco íris, a cor lilás. São as entidades mais próximas do Pai Celestial, aproxima-se de Exú pelo seu comportamento arquétipo. É formado por duas entidades distintas e sua função básica é  indicar contradição, os opostos que coexistem. Num plano mais terreno, por ser criança, a ele é associado a tudo o que se inicia: a nascente de um rio, o germinar das plantas, o nascimento de um ser humano. Seus filhos são pessoas com o temperamento infantil, brincalhonas, sorridentes, irrequietas, de muita energia nervosa. Como marca física, aparentam menos idade do que realmente possuem. São muito dependentes em seus relacionamentos emocionais, quase sempre teimosos e possessivos. Ágeis no caminhar, não tem paciência para ficar parados por muito tempo. Odeiam profissões burocráticas e preferem os esportes onde descarreguem a energia e possam competir ou as carreiras que possibilitem algum prazer lúdico. São muito cativantes e carinhosos, com uma sensibilidade sempre a flor da pele; por isso mesmo, magoam-se com facilidade, exageram as contrariedades e agressões que recebem e se deixam levar por mal entendidos. Gostam de vinganças, que costumam ser rápidas e esquecidas. Tendem a simplificar as coisas, reduzindo o comportamento dos outros a princípios simplistas como “gosta de mim – não gosta de mim” .  Como a maior parte das crianças, gosta de estar em meio a muita gente. As pessoas do Candomblé freqüentemente temem Ibêji: poderoso como todo orixá, a criança-divindade, entretanto, entende os pedidos de maneira simplista, o que pode levar a conseqüências não previstas pelas entidades. Por outro lado, têm a reputação de serem extremamente fiéis às pessoas que conquistam sua confiança. No dia de Ibêji, 27 de setembro (o mesmo de São Cosme e São Damião, com quem são sincretizados), é costume as casas de  culto  abrirem suas portas e oferecerem mesas fartas de doces e comidas de crianças, elevadas à condição de representantes na terra do orixá. Qualquer participação de Ibêji em cerimônias dá um toque alegre e inconseqüente a ela, sendo freqüente que as comidas ritualísticas a eles oferecidas recebam enfeites como fitas de cetim em cores vivas. A Ibêji se oferecem prendas de todas as cores e as roupas de seus filhos, em cerimônia, são multicoloridas. São homenageados aos domingos, recebendo como comidas rituais doces, bolinhos, balas, caruru de quiabo e vatapá. A ele são sacrificados frangos e frangas de leite. Sua saudação é ONI BEIJADA!!!
 Ibêjis
Dentro do culto das nações é chamado de Erê. Na Umbanda é conhecido como criança ou beijada.

OXUMARÊ


OXUMARÊA Dualidade Presente

   
Oxumarê é um Orixá bastante cultuado no Brasil, apesar de existirem muitas confusões a respeito dele, principalmente nos sincretismos e nos cultos mais afastados do candomblé tradicional africano como a Umbanda. A confusão começa a partir do próprio nome, já que parte dele também é igual ao nome do orixá feminino Oxum, a senhora das águas doces. Algumas correntes da Umbanda, inclusive, costumam dizer que Oxumarê é uma das diferentes formas e tipos de Oxum, mas no candomblé tradicional tal associação é absolutamente rejeitada. São divindades distintas, inclusive quanto aos cultos e à origem. Em relação a Oxumarê, qualquer definição mais rígida é difícil e arriscada. Não se pode nem dizer que seja um orixá masculino ou feminino, pois ele é as duas coisas ao mesmo tempo: metade do ano é macho, a outra metade é fêmea. Por isso mesmo a dualidade é o conceito básico associado a seus mitos e a seu arquétipo. Essa dualidade onipresente faz com que Oxumarê carregue todos os opostos e todos os antônimos básicos dentro de si: bem e mal, dia e noite, macho e fêmea, doce e amargo, etc.... Nos seis meses em que é uma divindade masculina, é representado  pelo arco-íris que, segundo algumas lendas é aponte que possibilita que as águas de Oxum sejam levadas  ao castelo no céu de Xangô. Nos seis meses subseqüentes, o orixá assume a forma feminina e se aproxima de todos os opostos do que representou no semestre anterior. É então uma cobra, obrigado a se arrastar agilmente tanto na terra como na água, deixando as alturas para viver sempre junto ao chão. Sob essa forma, segundo alguns mitos, Oxumarê encarna sua figura mais negativa, provocando tudo que é mau e perigoso. Oxumarê é o orixá do movimento, da ação, da eterna transformação, do contínuo oscilar entre um caminho e outro que norteia a vida humana. É o orixá da tese e da antítese. Por isso, seu domínio se estende a todos os movimentos     regulares, que não podem para, como a alternância  entre chuva e bom tempo, dia e noite, positivo e negativo. Certas casas de Umbanda e certos zeladores tem em seus  cultos a não presença do orixá Oxumarê. Ledo engano aqueles que pensam que Oxumarê não faz parte dos cultos de Umbanda. É o orixá das sete cores do arco-íris, e por isso traz na sua essência as sete linhas dentro de Umbanda. É o orixá das cores e de tudo o que é belo. Não existe altar sem rosas e não existe rosa sem cor. Ai está presente Oxumarê. Em termos superficiais, pode-se também associar o arco-íris ao bem e a cobra ao mal por que se o primeiro é uma imagem colorida, bonita, que traz o prazer estético as pessoas, o segundo é um animal perigoso, que pode levar o homem a morte. Outra fonte de identificação a respeito do Orixá vem das contradições existentes em suas lendas. Acontece que a origem do Orixá é uma de uma cultura diferente da maior parte doso orixás cultuados no Brasil e na própria África. Oxumarê é uma divindade originária  da cultura do daomé, região centro-norte da África. Há séculos tal civilização foi dominada pelos iorubás, povo mais primitivo no sentido de organização social e visão religiosa, mas, em compensação, mais poderoso em termos de organização militar. Como aconteceu com Roma e Grécia, a dominação política de uma sociedade menos rica  em produções culturais ou no terreno da superestrutura em geral fizeram com que os mitos dos daomeanos não fossem apenas reprimidos. Pelo contrário os iorubás não tentaram impor sua cultura ao povo dominado. Ficaram , na verdade, impressionados com sua cosmologia e tentaram assimilá-la, principalmente nas figuras que não fossem formas semelhantes a divindades que também possuíssem. Ao mesmo tempo, há uma diferença básica entre a cultura do Daomé e o ponto de vista dos iorubás sobre as divindades em geral. Se as figuras guerreiras de um Ogum sensual e arrebatado, de uma Iansã explícita e franca ou de uma Oxum espertamente maliciosa e diplomática são fáceis de serem compreendidas, formando arquétipos claros, os orixás do Daomé são mais soturnos, misteriosos. Suas lendas não os apresentam completamente como as lendas dos nagôs. Fica sempre um território um pouco escondido, algo secreto, misterioso, no comportamento deles, toda uma faixa de ambigüidade que não permite uma definição tão certeira e simples como dos orixás do país Yorubá. Os deuses do Daomé são mais punitivos, circunspectos, austeros e vingativos. Não são apenas levados pela passionalidade das  figuras mais comuns do mundo iorubá, que da mesma forma que punem arrasadoramente, dramaticamente se arrependem do que fizeram aos seres humanos. Não, Oxumarê, Iroko, Omulu, Obaluaiê e Nanã, os orixás do Daomé mais conhecidos e cultuados, castigam quando dispostos ou provocados, mas raramente se arrependem e não possuem as falhas humanas risíveis e humanizadoras das figuras do panteão iorubá. Por ser comum seu “aparecimento” como cobra e como arco-íris nos rios e cachoeiras, Oxumarê costuma receber suas oferendas nesses locais, outro fator a aumentar a confusão que se estabelece entre ele e Oxum, que também é cultuada nesses ambientes.
   
O Arquétipo dos seus filhos
   
Como é de costume a todas as divindades originárias do daomé (cultura Jeje), é relativamente difícil estabelecer um arquétipo específico de comportamento associado ao orixá, já que ele é misterioso e cheio de sombras em seus mitos. Os filhos de Oxumarê são bem mais difíceis de serem reconhecidos do que os guerreiros filhos de Iansã, os calmos e sábios filhos de Oxalá e os maternais e familiares filhos de Yemanjá, por exemplo. Mesmo assim, algumas características básicas podem ser listadas. Há porém, divergências em relação às suas características ao consultarmos autores diferentes. Para uns Oxumarê é associado à riqueza: “Oxumarê é o arquétipo das pessoas que desejam ser ricas; das pessoas pacientes e perseverantes nos seus empreendimentos e que não medem sacrifícios para atingir seus objetivos”. Para certos autores os filhos de Oxumarê possuem o dom da vidência. Quando vivia na Terra, Oxumarê previa tudo, adivinhava o que ia acontecer, a tal ponto que não era mais possível viver. Os deuses então decidiram mantê-lo afastado dos homens, pois a clarividência total acaba transformando-se em maldição. A seu pedido, Oxumarê obteve a autorização de descer na terra de três em três anos, o que talvez explique parte do mistério referente ao culto deste orixá e também sua rara participação nos jogos de búzios, onde os orixás em geral se revezam nas respostas – mas é raro se encontrar uma resposta de Oxumarê. Seus filhos estão entre aquelas pessoas que, de tempo em tempos, mudam tudo em sua vida: mudam de casa, de emprego, como se ciclos se sucedessem sempre, obrigatoriamente, exigindo e provocando um rompimento com o passado e iniciando diuturnamente a busca de um novo equilíbrio, até o  momento da real mudança. Também são apontados nos filhos de Oxumarê certos traços de orgulho e de ostentação, algo que os aproxima do clichê do novo-rico exibicionista. A androginia do orixá por vezes é estendida a seus filhos. Estes, segundo alguns historiadores seriam bissexuais em potencial, mas essa interpretação não é aceita universalmente, tendo alguns sacerdotes especificado que não há ligação possível entre papel, preferência sexual e orixá. Fisicamente são pessoas que se movimentam de forma leve, pouco levantando os pés do chão, sugerindo mesmo a idéia que rastejam. São pessoas que apesar do descrito anteriormente, tem uma grande energia nervosa e necessitam se movimentar, agilidade, indo de um lado para outra. São pessoas que como a cobra, armam seus botes de forma silenciosa, e atacam só quando tem certeza da vitória. São pessoas difíceis de se relacionarem devido a grande facilidade de mudarem tudo de uma hora para outra. São pessoas fechadas e apesar da família e dos amigos são muito fechados e quase sempre obrigatoriamente solitários. Além da tendência de serem esguios a terem pele oleosa, talvez bastante escorregadia, outra característica física saliente que possuem é o olhar, já que olhos de cobra, grandes e um pouco salteados.

O Culto ao Orixá
Oxumarê, como a maior parte dos orixá daomeanos e, principalmente, como outros orixás cujo habitat preferencial é a floresta (Ossain, Oxóssi) por exemplo, e comemorado cerimonialmente às terças  feiras (certas nações dão a quarta feira junto com Xangô e Iansã). Como é produto da cultura do Daomé, sua mãe, ao contrário de Yemanjá mãe de praticamente todos os orixás iorubás – com exceção de Logunedé, filho de Oxóssi e Oxum – é a austera Nanã Buruku. Seu pai, não existente na cultura matriarcal dos daomeanos, tornou-se pela assimilação cultural nagô Oxalá, a figura masculina de mais destaque desta cultura. Seu elemento é todo o tipo de movimento constante, de substituição, ruptura, fim, mudança e reinicio. Seu domínio é o arco-íris e a cobra. As contas de Oxumarê denotam sua dualidade pois possuem duas cores e verde e o amarelo. O sincretismo é raro, mas quando acontece, a figura associada ao orixá do arco-íris é a de São Bartolomeu. Para ele são sacrificados bodes, galos e galinhas d’angola (conquíns). As suas comidas ritualísticas podem ser o feijão com milho, a pipoca, azeite, camarões além dos bolos de batata doce com formas de cobras e poços. Seu instrumento é o cacho sagrado das sete cores do arco-íris. Sua saudação é Arrôboboi!!!

Oxumarê
Orixá do Arco íris e da Prosperidade. A cobra que come o próprio rabo, na representação do sempre reinício. Rei dos gegês!!!

Exú


E X Ú – O Mensageiro dos Orixás

Exú é sem dúvidas a figura mais controvertida dos cultos afro-brasileiros e também a mais conhecida e comentada. Há antes de mais nada, a discussão de que  Exú seria  um Orixá ou apenas uma entidade diferente, que ficaria entre a classificação de orixá e ser humano. Sem dúvidas ele trafega tanto pelo mundo material (ayé) onde habitam os seres humanos e todas as figuras vivas que conhecemos, como pela região do sobrenatural (orum), onde trafegam os orixás, entidades afins e almas dos mortos. Não existe culto (seja na Umbanda ou nas nações do Candomblé) onde não se faça necessária a presença do Orixá Exú. É ele que inicia todo processo espiritual de contato com os Deuses do Panteão Africano. É o primeiro orixá a ser louvado em qualquer culto afro-brasileiro, pois depende dele a permissão para que se possa fazer o contato necessário  com o mundo espiritual. Exú é o telefone que liga os planos material (ayé) ao plano espiritual (orum), e da mesma forma que faz essa comunicação, Exú também tem o poder de interromper a mesma, causando várias vezes dificuldades de incorporação e problemas de ordem espiritual. Por isso, a grande maioria dos Zeladores do Santo prega a seriedade e a ordem no início dos cultos quando se louva a Exú. Embora culturalmente seja muito falado e confundido por vezes com forças malignas ou negras, Exú é alta patente dentro do mundo dos Orixás, recebendo “status” de alta autoridade. Orixá quase sempre sem noção do poder que possui, Exú é freqüentemente lembrado em lendas onde desafia orixás e algumas vezes torna-se vencedor. Esse poder foi traduzido mitologicamente no fato de Exú habitar as encruzilhadas, passagens, os diferentes e vários cruzamentos entre caminhos e rotas, e ser o senhor das porteiras, portas, entradas e saídas. Isso não entra em contradição com o fato de Ogum, o orixá da guerra, ser considerado o senhor dos caminhos. Além da grande afinidade entre as duas figuras míticas (que são irmãos de acordo com as lendas), Ogum é o responsável pelo desbravamento, pelo desmatar e o criar de novos caminhos, pela expansão imperialista do reino, enquanto Exú é o senhor da força (axé) que percorre os caminhos. Da onde vem a ligação de Exú a um suposto “Diabo” ? Como os  africanos não podiam cultuar seus deuses em liberdade, mascaravam a prática em cultos católicos, como se tivessem se convertido a religião dominante, para escapar dos castigos. Aproveitando que alguns jesuítas tentaram usar o conjunto de mitos africanos moldando-o na medida do possível às configurações católicas para apressar o aculturamento, os negros faziam completos cultos de candomblé, mas colocavam figuras de santos católicos nos altares, sob os quais ficavam os assentamentos verdadeiros dos orixás que tinham trazido da África ( onde surgiram os sincretismos com os Santos da Igreja Católica – para os Africanos Ogum era o Deus da guerra e viram em São Jorge a figura de um guerreiro que se encaixava no perfil da divindade africana). Como precisavam de um Diabo, os jesuítas encontraram na figura de Exú o orixá que poderia, meio forçadamente, vestir a roupa, provavelmente porque, sendo o mais humano dos orixás, a ele se pedia interferência nas questões mais mundanas e práticas, o que resulta que a maior parte das oferendas do culto vá para ele. Exatamente por isso, Exú era a divindade que protegia, na medida do possível os negros dos repressivos senhores. Os pratos de comida oferecidos ritualisticamente (ebós) para Exú eram deixados nas encruzilhadas  próxima  a casa grande e constituíam a parte visível do ressentimento  dos negros. Era para Exú que pediam desgraças para seus senhores. Numa circunstância de luta, aquele que pratica o bem para um (atacando o outro) também pode ser visto, pela ótica do antagonista, como o que faz o mal. Assim , os senhores de engenho viram em Exú o Demônio que os negros lançavam contra eles. Dois outros fatores associam Exú ao Demônio: o fogo, elemento do Diabo e também freqüente nos cultos e oferendas para o mensageiro dos orixás africanos; e o sexo, território considerado tabu pelos católicos, e o prazer – em geral, as atividades preferidas de Exú. É Exú quem está presente no ato da fecundação, no exato momento da criação do ser humano ( Exú tem as égides no ato da fecundação, passa para Oxum que conduz toda a gestação, esta por sua vez passa para Nanã no ato do nascimento para que esta peça a Oxalá a autorização para a nova vida, após o nascimento a responsabilidade é do Orixá que tomará conta daquela ori (cabeça) pelo resto da sua existência juntamente com Yemanjá, por ser esta a responsável pelo constante aprimoramento do ser humano.
O Arquétipo dos seus filhos
Embora muitas pessoas tragam em seus oris a energia do Orixá Exú, dificilmente é sabido do médium que ele é filho do Grande Senhor das Encruzilhadas. Na grande maioria das vezes os (as)  Zeladores (as), não dão como Orixá de cabeça o Senhor Exú, geralmente é dada na cabeça dos filhos deste Orixá o Eledá (primeiro santo) de Ogum. Troca quase sempre aceita, já que Exú e Ogum são irmãos. São pessoas intempestivas, de certa forma nervosas, gostam de festas e brincadeiras. Assim como seu Orixá, não aceitam certos desrespeitos e quando enfurecidos, partem para uma vingança sem piedade. São amantes fulgorosos, e carregam em si a responsabilidade de servir as pessoas, nunca se importando em serem pagos por isso.
 O Culto ao Orixá
Exú é sempre cultuado por qualquer iniciado das nações africanistas e mesmo por meros simpatizantes que procuram um babalorixá para a resolução de problemas práticos, como relacionamentos amorosos, brigas, disputas profissionais, vendas complicadas, etc. Cada ser humano tem seu próprio Exú, assim como tem um orixá de cabeça e um segundo orixá, o ajuntó. Todo terreiro também tem seu Exú protetor, que zela pela segurança da casa ou terreiro (ilê) , contra males encarnados ou desencarnados. Segundo a  tradição iorubana, cada orixá tem seu próprio Exú, que funciona como seu servo, possibilitando o contato entre as diferentes divindades. Seu dia de culto é as segundas-feiras (certas falanges trazem a Sexta-feira como dia de culto), suas cores são o preto e vermelho (cores como amarelo, branco ou roxo, indicam a falange e a área de atuação daquele Exú), sua saudação é Laroiê!!. Sua comida ritualística é a farofa de dendê (farinha de mesa misturada ao azeite de dendê), os animais mais freqüentemente sacrificados a este orixá são os frangos pretos, galinhas d’angola e bodes, seus pais são Yemanjá e Oxalá, sua função é a comunicação entre os planos astral e material, seus domínios são as porteiras e encruzilhadas, e seu instrumento de atuação é o ogô ou insígnia. Dentre os exús mais conhecidos podemos citar: Exú Tranca Ruas, Exú Veludo, Exú Tiriri, Exú Caveira, Exú Tata Caveira, Exú Pinga Fogo, Exú Marabô,  Exú Pantera Negra, Exú Lalu, Exú Mangueira, Exú Morcego, Exú Mulambo, entre outros. Entre as pomba-giras mais conhecidas podemos citar: Maria Padilha, Maria Mulambo, Maria Figueira, Rosa Caveira entre outras.

  

Sto Antônio é tido como patrono dos Exus.
Exu
Exu traz nas mãos o Ogô ou Insígnia. Cetro em forma de pênis na representação da procriação dos seres humanos.
 

Nanã


A Mais Velha do Reino dos Céus

 É vodun (orixá) da nação Gêge, de tempos imemoriais. Está associada aos mitos da criação da Terra, sendo a precursora de todas as divindades que têm o poder de gerar a vida. É o lado feminino dos criadores do mundo. Grande Senhora das terras molhadas e fecundas, com a qual foram criados todos os seres, reina na lama, que formou a Terra, nas águas paradas e pântanos. Ao mesmo tempo em que dá vida às criaturas, faz com que retornem ao seu elemento de origem para, mais tarde, renascerem na Terra, formando o ciclo da vida e da morte. Por isso, nós acreditamos que o corpo, após a morte, deve ser devolvido à terra, de onde ele saiu um dia. Nana, pelo fato de ser um dos primeiros orixás criados por Olorun, é caracterizada como uma anciã, ou uma avó. Novamente, caímos no erro de comparar uma energia sobrenatural, que é o orixá, com simples mortais, atribuindo-lhes uma idade cronológica humana. É guardiã do reinado dos eguns e ancestrais, assim como seu filho Obaluaiê, usando o ibiri (espécie de bastão ritual com a ponta curva, confeccionado com palha da costa e búzios) como elemento controlador e genitor. Sua existência vem de tempos remotos, anteriores à descoberta do ferro, por isso, em seus rituais, não devem ser utilizados objetos cortantes de metal. Nunca devemos evocá-la sem um motivo muito forte. Mesmo seus próprios filhos. É um orixá muito poderoso e de tendência devastadora, quando provocado. Seus preceitos são extremamente complexos e ricos em detalhes. Se o babalorixá não tiver perícia e conhecimento, poderá cometer erros que serão fatais, tanto para ele como para o iniciado. Raramente um filho Nana é incorporado por sua energia, sendo que suas aparições nos terreiros têm um intervalo mínimo de três anos. Quando alguém a incorpora, deve-se interromper o xirê para saudá-la em especial. Coloca-se, em suas mãos, um cajado de ponta curva, recoberto de búzios, e uma base de palha desfiada, com o qual ela insinua uma varredura do ambiente, limpando-o de todas as más influências. Se a noviça não estiver paramentada com as roupas rituais, amarra-se um torço na cabeça, juntamente com algumas folhas especiais de Nana (mamona, flor da noite, etc.), recobrindo os olhos. Os voduns Gêges não costumam revelar seu rosto. Os fundamentos necessários para louvar esse orixá pertencem à cultura Gêge. Mesmo que existam filhos de Nana em outras nações, todos os preceitos devem ser feitos dentro dos rituais desta nação. Nana vive nas madrugadas, quando o orvalho umedece a terra. Por isso, só aceita oferendas em sua homenagem após as três horas da manhã, quando o sol ainda não se levantou. O babalorixá não deve deixar esses ebós à mostra, e deverá abandonar o local dos rituais rapidamente, pois existe o risco de aparecerem cobras perto da comida. Os búzios também fazem parte de seus paramentos, ornando seu cajado, o ibiri e o brajá. Dia da semana: terça-feira e sábado. Cores: branco, preto, roxo e azul. Domínios: lama, pântanos, lodo do fundo dos rios e mares.

 Nanã Buruku
Orixá mais velha do reino dos céus. Mãe dos Orixás Dahomeanos. Traz o Ibiri, instrumento que como o Xaxará de Obaluaiê traz os segredos da vida e da morte.

Obaluaiê


OBALUAIÊ – O Mestre das Almas

É um vodun Gêge conhecido por Sapatá, sendo também cultuado por outras nações. Poderoso orixá, filho de Nanan Buruku (Anabioko) e Orixalá (Oulissassa). Esse orixá, senhor das doenças e da morte, é representado pelas três cores primitivas do universo (de onde todas se formaram), que são o vermelho, o preto e o branco. Isso quer dizer que ele detém os três tipos de sangue, ou axés, que existem na natureza. Assim como sua mãe, em sua indumentária há uma grande concentração de búzios, que é um símbolo de riqueza e poder, além de serem objetos sagrados dos oráculos divinatórios. Obaluaiê está ligado ao elemento terra, sendo detentor de seus segredos. Tem, também, ligação com as árvores e com os espíritos que as habitam. Ele é extremamente temido e respeitado, mas, ao mesmo tempo, é indispensável, com uma atuação muito grande dentro dos rituais do Candomblé. Todos o temem, por enviar as doenças, muitas vezes, como castigo ou como desígnios divinos para uma renovação da vida. Da mesma forma que ele traz as enfermidades (como lepra, peste, eczemas, varíola, malária, etc., que provocam alteração na temperatura corporal), traz também a cura para elas. Segundo as antigas lendas, Obaluaiê nasceu com o corpo todo coberto por chagas, que ficavam escondidas sob suas vestes de palha. Foi através da sua própria força interior que ele conseguiu curar-se e também desvendar os segredos das doenças que atingem os seres criados. Assim como Ossain, que usa as folhas para curar, Obaluaiê usa seu xaxará para limpar a Terra de todas as doenças e pragas. Esse orixá também tem um papel fundamental nos ebós realizados pelo Candomblé, que são rituais especificamente utilizados para afastar espíritos obsessores ou influências maléficas. Obaluaiê tem um grande poder sobre os eguns (espíritos desencarnados) e ancestrais, controlando-os com seu xaxará. Ele é um ser tão misterioso quanto a própria morte, com a qual tem uma íntima ligação. Conhece todos os seus segredos, sendo muitas vezes confundido com Ikú, o senhor da morte. Omulu é quem faz a limpeza do corpo logo após a morte, permitindo, assim, que as pessoas falecidas se desprendam desse plano de existência. Na África, ele é venerado e temido por seus desígnios, sendo considerado uma figura repressora e perigosa, que pode trazer facilmente a morte, mas, por outro lado, é o grande redentor de todas as mazelas que atingem os seres humanos. Ele é cultuado e adorado com todo o respeito, evitando-se, inclusive, pronunciar seu nome sem um motivo real. As vestes desse vodun são muito especiais e de extrema importância para o seu culto. Suas sacerdotisas ou noviços vestem-se com palhas da costa, não deixando transparecer nenhum detalhe de seu corpo. São figuras misteriosas e austeras, que escondem os segredos da reciclagem da vida. Seu principal símbolo é o xaxará, feito com a palha extraída da folha da palmeira nova; o lagidigbá, feito com o fruto da palmeira ou de chifre de búfalo; e o brajá, cordão confeccionado inteiramente com búzios. Além disso, ele também usa um longo cajado, onde se prendem as três cabaças que contêm os segredos da criação. Esse cajado é muito importante para os feiticeiros dahomeanos. No mês de agosto, nas tradicionais casas de Candomblé do Brasil, são realizadas cerimônias em sua homenagem. Os desígnios de Obaluaiê nos faz refletir sobre o valor da vida humana e o quanto ela é frágil. Infelizmente, o ser humano só dá valor ao que tem quando está perdendo, como a saúde, por exemplo.Dia da semana: segunda-feira. Cores: preto, branco e vermelho. Domínios: terra, árvores, cemitérios, estradas abandonadas, universo das doenças.
   
CARACTERÍSTICAS DOS FILHOS DE OBALUAIÊ-OMOLÚ

São pessoas que ocultam sua individualidade sob uma máscara de austeridade. Têm muita dificuldade em se relacionar, pois são muito fechados e de pouca conversa.Geralmente apaixonam-se por pessoas totalmente diferentes de si próprias, isto é, por figuras extrovertidas e sensuais. Gostam de ver o ser amado brilhar, embora o invejem. Os filhos de Obaluaiê são irônicos, secos e diretos. Não são pessoas de levar desaforos para casa e nem de falar pelas costas.Odeiam fofocas e vulgaridades do gênero.A solidão é muito peculiar a essas pessoas, devido à sua própria personalidade. Não se sentem satisfeitos quando a vida corre normalmente, precisam mostrar seu sofrimento, exagerando, muitas vezes, nesse tipo de comportamento. S
ão pessoas firmes e decididas, que lutam para conseguir seus objetivos.Geralmente, não sentem medo da morte, pois, no fundo de seu ser, compreendem que ela é apenas uma renovação.Os descendentes desse orixá são muito independentes e têm a necessidade de crescer com suas próprias forças e recursos.Apresentam pouco brilho em seu rosto e um semblante sério, com raros momentos de descontração. Parece que eles carregam, sobre os ombros, todo o sofrimento do mundo. Adoram fazer caridade e aliviar o sofrimento das pessoas.Os filhos de Obaluaiê têm muita afinidade com profissões ligadas à área médica. Muitas dessas pessoas, devido à influência do seu orixá, que comanda os eguns, podem ter experiências sobrenaturais, como visões, sonhos, etc.Uma característica negativa, que pode aparecer nos filhos de Obaluaiê, é o masoquismo.

  
São Roque, para muitos o sincretismo de Omulu (forma jovem do orixá), enquanto São Lázaro seria a forma velha do Orixá (Obaluaiê).

                                                                   São Bento
Obaluaiê
O Grande mestre das Almas, traz nas mãos o xaxará. Chocalho de palha e búzios onde ele detém os segredos da morte e da vida.

Oxum

OXUM - A Senhora da Fecundidade


Oxum é o nome de um rio em Oxogbo, região da Nigéria. É ele considerado a morada mítica da Deusa. Embora seja comum a associação entre rios e deuses femininos da mitologia africana, Oxum é destacada como a dona da água doce e, por extensão de todos os rios. Seu elemento é a água em discreto movimento nos rios, a água semiparada das lagoas não pantanosas, pois as predominantes lodosas são destinadas a Nanã Buruku e, principalmente as cachoeiras são de Oxum, onde recebe suas oferendas e rituais votivos. Oxum tem a ela ligado o conceito de fertilidade, assim como Yemanjá e Oxalá. É a ela que as mulheres que querem engravidar se dirigem. Certa confusão pode se fazer visto que tanto Yemanjá quanto Oxum detém de certa forma o poder da maternidade, mas certa diferença existe e para isso se faz necessária certa explicação. Os orixás representam, estilizadamente, as relações estabelecidas entre os próprios seres humanos. São uma espécie de codificação dos valores morais, dos códigos de comportamento, das relações aprovadas e sancionadas pela comunidade, contendo em seus mitos o código dos padrões a serem assumidos, das funções sociais a serem desempenhadas pelos homens, a saber:  Ogum – guerreiro e especialista no desenvolvimento da tecnologia, a partir do domínio da metalurgia; Oxóssi – a caça e por extensão a alimentação; Ossaim – a liturgia, a presença constante em todos os rituais da aldeia; Xangô – o exercício da justiça e do poder institucionalizado, etc. Dentro desta perspectiva , Yemanjá e Oxum dividem a maternidade. Só que em faixas etárias diferentes. Neste novo contexto, temos Ogum, Oxóssi e Exu como  representantes do jovem adulto, guerreiro, intempestivo (e bem humorado, com exceção de Oxóssi), que se relaciona de forma um pouco brutal com  as mulheres. Já em Xangô o homem adulto e maduro, cujo temperamento forte já foi um pouco aplacado pelo senso de justiça.Finalmente temos Oxalá, a figura do patriarca ancestral e venerando, do velho que já viu tudo, que se baseia no enorme conhecimento empírico da História e do comportamento humano. Para Oxum, então, ficou reservado o posto da Jovem Mãe, da mulher que ainda tem algo de adolescente, coquete, maliciosa, ao mesmo que é cheia de paixão e busca objetividade e prazer. Oxum também tem como um dos seus domínios a atividade sexual e a sensualidade em si. Além disso é ambiciosa, sua cor é o Amarelo-ouro. Popularmente se associa Oxum ao ouro por ser o metal mais caro que se conhece, mas na África seu metal é o cobre, que era o metal mais popular daquela região. Oxum, portanto gosta do dinheiro e do luxo, mas não como formas de mesquinhez, geralmente se adapta a ela o ditado: “Ganho o dinheiro, mais o dinheiro não me ganha!”. Certas pesquisas trazem o amarelo no sentido da fecundidade e não da riqueza, já que amarelo é a cor da gema do ovo (que está presente em quase todas as comidas desta Orixá). Oxum é a alegria do sangue das mulheres fecundas. Até mesmo Oxalá teve que se curvar a seu poder. Conta uma lenda que existia uma Sacerdotisa, de nome OmoOsun (filha de Oxum), que era encarregada de cuidar dos paramentos de Oxalá. Havia muitas mulheres com inveja dela que, para criar caso, jogaram a Coroa de Oxalá no rioa. OmoOsun conseguiu encontrá-la na barriga de um peixe. Suas rivais fizeram um grande feitiço e no meio da festa na hora em que deveria levantar-se para saudar Oxalá, ela não conseguiu. Seu corpo aderira ao assento. A sacerdotisa fez tanta força que acabou se levantando, mas parte de seu corpo ficou na cadeira. O sangue jorrou, manchando os paramentos de Oxalá. O vermelho é um dos tabus ou quizilas do Grande Deus da Cor Branca, que se mostrou extremamente irritado, e OmoOsun, envergonhada fugiu. Todos os orixás fecharam-lhe as portas. Somente Oxum a acolheu e transformou as gotas de sangue em penas de papagaio, pássaro de Oxum chamado Odidé. Os orixás sabendo da narrativa, foram até a Deusa das Águas Doces. O último foi Oxalá, que em sinal de respeito e submissão ao poder feminino, prostrou-se aos seus pés. Colocou na testa dela uma pema vernelha e declarou que as iaôs que não usarem ecodilé (penas de papagaio) não serão reconhecidas iaôs. Por isso que as noviças no fim da iniciação, usam uma pena vermelha. Existem vários tipos de Oxum, e dizem que as mais velhas moram nos trechos mais profundos dos rios, enquanto as mais novas nos trechos mais superficiais. Entre as várias existem três que são marcadas como guerreiras (Apará, a mais violenta, IêIê Kerê, que usa o Ofá de Oxóssi e caça ao lado dele nas matas e IêIê Apondá, que usa uma espada), mas em geral são são pacíficas não gostando de lutas e guerras, como Obotó, Abalô e Bauila, a menina dos olhos do velho Oxalufã. Sendo a mais bela das Orixás, é considerada a Deusa da beleza, e também a deusa das artes e de tudo onde a estética seja importante. Tudo o que é feminino é atribuído a Oxum: a denguice, o disfarçar de uma inteligência viva numa aparente visão sonsa e despreocupada do mundo, e também a magia. A ela são atribuídos poderes de feiticeira, de facilidade de comunicação entre ela e os que possuem esse tipo de poder. Nos assentamentos de Oxum, além das quartinhas, pratos, vasilhas com água , que são comum a todos os orixás, costuma haver flores, perfumes e até bonecas. É sem dúvida a figura do Panteão Africano que menos é dada a explosões temperamentais. Costuma usar a força dos outros orixá contra eles mesmos. Por mais que Iansã seja a companheira que luta ao lado do companheiro, não há dúvidas de que Oxum é a preferida. Ela é o repuso do Guerreiro, habilidosa nas artes eróticas. Sua dança sensual, as vezes representa a descida perto da fonte, o banho, o prazer de ser bonita e desejada. Oxum é aquela que sempre esconde o jogo, o rio cujos movimentos só podem ser conhecidos se nele mergulharmos.
  
O Arquétipo dos seus filhos
  
O seu arquétipo se associa a imagem de um rio, das águas que são seu elemento: a aparência da calma que pode esconder correntes, buracos no fundo, grutas, enfim tudo que aparenta a calma mais pode derrubar facilmente. Os filhos de Oxum preferem contornar habilmente um obstáculo a enfrentá-lo diretamente, ao contrário do que faria Iansã ou Ogum. São pessoas persistentes mo que buscam, tendo objetivos fortemente delineados, chegando mesmo a ser incrivelmente teimosos e obstinados. As vezes parecem que esqueceram certos objetivos, mas na verdade apenas estão usando outros caminhos. A imagem de gordinhos e risonhos e bem humorados sem dúvida mantém um parentesco com o arquétipo de Oxum, ainda mais que seus filhos gostam de festas e da vida social em geral. São pessoas amigas e sempre acessíveis, não se esquecendo que pos trás de tudo isso, existe uma pessoa atente e que não estará perdendo tempo, apesar de parecer desligada a tudo isso. O sexo é uma coisa importante para os fihos de Oxum. Não costumam se descabelar por paixões que não deram certo ou que nem começaram. São realistas e tem sempre o pé no chão. É a figura da juventude eterna que julga naturalmente merecer todos os seus mimos e cuidados. Nos filhos de Oxum o tempo passa mais lentamente, embora já com certa idade é presente uma eterna criança que brinca e é sempre coquete. Quando não são bonitos fisicamente ( o que é muito difícil ) são charmosos e misteriosamente sensuais. Seus olhos costuma ser vivos e a boca tem a tendência de parar num eterno  e discreto sorriso.

 O Culto ao Orixá
Como as outras mães da água, Oxum é festejada aos sábados. Seus rituais e cerimônias são requintados e cheios de detalhes. São sacrificadas para Oxum Cabras, Galinhas e Patas. A Pomba branca de olhos vermelhos é um dos animais preferidos de Oxum. Sua cor é o amarelo ouro nos cultos do Candomblé e azul na Umbanda. Seus sincretismos quase sempre são com as diversas nossas Senhoras com execssão de algumas qualidades de Oxum (Apará seria Santa Luzia). Suas comidas estão entre as mais requintadas e elaboradas da cozinha do santo. Seu prato mais conhecido e retualístico é o Omolocum, que seria o feijão fradinho temperado no axé (camarão seco, gengibre, azeite doce e cebola ralada) com ovos inteiros por cima ou cortados em rodelas. Entre outros pratos está o xinxin de galinha, ipeté, massa de inhame e o adum, milho mopido misturado a mel de abelhas e azeite de dendê. Sua filiação é Oxalá e Yemanjá, seu elemento é a água doce, seus domínios são a beleza (estética) e o ouro, atuando também sobre a maternidade. Oxum é o segundo orixá femino a surgir na roda dos orixás (xirê). Sua dança lembra o banho nas águas dos rios e das cachoeiras. Sua saudação em Umbanda é Ora Ie Iêu.


Oxum
Rainha da Natureza, Iabassê dos Orixás e Senhora da Fecundidade.